Os três principais partidos do país são os maiores perdedores na distribuição do fundo de recursos públicos criado para compensar a proibição das doações empresariais. Juntos, MDB, PT e PSDB começam a campanha de 2018 com um déficit de R$ 382,6 milhões em relação ao que seus diretórios arrecadaram na eleição de 2014. Os recursos minguaram em 73% para os tucanos, 60,9% para os emedebistas e 49,1% para os petistas no comparativo com as últimas eleições gerais.
Sete meses após a sanção da chamada minirreforma eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou na semana passada o rateio do recém-criado fundo eleitoral, também conhecido como fundão. Ao todo, serão distribuídos mais de R$ 1,7 bilhão entre os 35 partidos que se submeterão às urnas em 2018. Das 32 siglas que participaram das últimas eleições gerais, 22 terão mais dinheiro em caixa para gastar até outubro. Os valores citados pelo levantamento foram corrigidos pela inflação do período e não incluem os repasses feitos diretamente aos candidatos.
Mesmo com as perdas, MDB, PT e PSDB lideram o ranking dos partidos com mais verba para gastar. Somados, terão R$ 632 milhões em caixa para cobrir despesas de todos os seus candidatos (presidente, governador, senador, deputado federal e estadual). Na prática, os três vão concentrar 37% de todos os recursos do fundão.
Dois dos três partidos que não participaram da campanha de 2014 têm candidato à Presidência: a Rede, de Marina Silva, e o Novo, de João Amoêdo, que promete não usar recursos públicos para financiar suas candidaturas. Entre as siglas médias, o PDT, de Ciro Gomes, é a que viu sua situação melhorar de maneira mais acentuada. O fundo prevê para os pedetistas R$ 61,4 milhões, quase nove vezes mais que os R$ 7,2 milhões da disputa passada
Mas é o Psol, do presidenciável Guilherme Boulos, que teve o salto mais expressivo entre as legendas com assento no Congresso. Sem histórico de receber doações de empresas, o partido amealhou apenas R$ 834,5 mil em 2014. Com o fundo eleitoral deste ano, o Psol já larga com R$ 21,2 milhões em caixa, 25 vezes mais. Salto grande também experimenta o PRB, do pré-candidato Flávio Rocha. A sigla, que juntou R$ 10,2 milhões na última eleição geral, terá à sua disposição R$ 67 milhões.
O PSL, de Jair Bolsonaro, também está entre os que tiveram suas receitas elevadas, mas em proporção mais modesta. Saltou de R$ 3,6 milhões, há quatro anos, para R$ 9 milhões em 2018. A cifra é considerada modesta para uma sigla com candidatura presidencial. O teto para quem almeja a Presidência da República é, inicialmente, de R$ 70 milhões.
Em valores absolutos, a maior perda é do MDB. O partido arrecadou diretamente R$ 376,6 milhões em 2014. Começa a campanha com R$ 142,5 milhões a menos e o desafio de voltar a encabeçar uma chapa presidencial com Henrique Meirelles. O PSDB, de Geraldo Alckmin, larga na disputa eleitoral com R$ 135,8 milhões a menos do que declarou na campanha passada. No caso do PT, que insiste com a candidatura de Lula, mesmo estando ele preso, o prejuízo inicial é de R$ 104,2 milhões.
Além do MDB, do PSDB e do PT, também saem perdendo com o novo modelo de financiamento eleitoral o Solidariedade, o PTB, o PRTB, o PCdoB, o PMN, o PSDB, o PPL e o Pros.
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